O movimento "Salve-se Quem Puder" foi criado pelos estudantes da área de saúde da UnB em virtude das condições atuais em que se encontra o Hospital Universitário de Brasília. O movimento é organizado pelos Centros Acadêmicos de Medicina, Enfermagem, Farmácia, Nutrição e Odontologia, e visa a conseguir as melhorias necessárias para que o HUB possa prover atendimento de qualidade à população do DF. Se você é estudante da UnB, da saúde ou não, ou um usuário do HUB, ajude-nos a te ajudar. Participe!

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

A questão dos trabalhadores terceirizados do HUB

Os terceirizados são trabalhadores que desempenham atividades fundamentais para o funcionamento do hospital, mas não são contratados diretamente por ele. Em vez disso, são contratados por empresas intermediárias. O HUB contrata essas empresas para desempenharem funções, como limpeza, vigilância, cozinha ou administração, e as empresas então assumem a responsabilidade por contratar e gerir os funcionários.

A terceirização é um processo normalmente apresentado como uma forma de gestão mais eficiente e produtiva, pois o hospital se desresponsabiliza pela gestão do pessoal. O que normalmente não aparece à tona é que os terceirizados são contratados para exercer as mesmas funções dos concursados, mas em geral recebem menos da metade do seu salário. Os casos de atraso no pagamento dos salários, pagamentos incompletos e retardo no repasse dos ajustes salarias também são comuns. Essas pessoas em geral são pais e mães de família que precisam pagar aluguel, comida, luz... têm filhos... e, apesar de reconhecerem a situação precarizada de seu trabalho, não podem arriscar serem demitidos.

A estabilidade do emprego para os terceirizados é muito menor, as empresas de terceirização podem se desfazer facilmente deles quando envelhecem, engravidam ou se mobilizam politicamente. Inclusive, as empresas de terceirização que atuam no HUB possuem pessoas responsabilizadas por monitorar o comportamento dos funcionários e denunciá-los quando participam de assembléias e atos de protesto. Suas liberdades democráticas mais básicas, de livre associação e livre organização, ficam cerceadas pelo assédio moral que sofrem cotidianamente.

Contudo, no HUB existem funcionários em condições ainda piores que os terceirizados: os contratados. São pessoas contratadas diretamente pelo hospital para desempenharem determinado serviço, não tendo direito sequer a férias remuneradas. No final do ano passado houve uma breve mobilização desse setor para tentar receber o 13º salário, que não estava previsto na folha de pagamentos. Foram frequentes as queixas de que não se podia comprar um presente de Natal para o filho ou uma roupa para vestir no fim do ano, não se conseguia nem pagar as contas e não podiam tirar férias porque não dava para ficar sem o salário de um mês inteiro.

Meses depois, uma das empresas de terceirização demitiu 28 funcionários da portaria da UnB. Curiosamente, entre eles estavam dois dos principais líderes da mobilização pelo 13º salário para esses trabalhadores.. A acusação da empresa, de que ambos haviam faltado repetidas vezes ao serviço, era irreal, falsa como uma nota de três reais, e o Ministério Público ordenou a sua recontratação.

Os terceirizados e contratados ultimamente têm buscado apoio nas mais diversas esferas, mas seguem isolados. A administração da universidade não costuma intervir nas suas questões, alegando que este é um problema exclusivo da empresa contratada e de seus funcionários, apesar de eles exercerem funções na universidade e para a universidade. O Sintfub, sindicato dos funcionários da UnB, tampouco lhes dá a assistência necessária – somente aparece quando os próprios terceirizados fazem alguma manifestação. Os terceirizados são fundamentais para o funcionamento do HUB, mas são completamente marginalizados e negligenciados.

A terceirização é uma modalidade perversa de gerenciamento de pessoal, em que os funcionários recebem muito menos pelo seu trabalho, com frequencia vêem seus direitos mais básicos serem usurpados e ainda ficam sujeitos a perseguição quando tentam reagir. A realidade dos terceirizados do HUB é precária e não são amparados pela universidade nem pelo sindicato. Precisamos ser solidários a esse setor tão importante e tão esquecido no HUB! O movimento SOS HUB - Salve-se quem puder! apóia as bandeiras da isonomia salarial e do direito democrático de organização e mobilização e as demais lutas que surgirem.

sábado, 4 de setembro de 2010

Pronto-socorro da pediatria do HUB fica fechado no fim de semana

Hospital não tem médicos plantonistas suficientes para cobrir a escala. Reunião na segunda-feira vai discutir possíveis


Leonardo Echeverria - Da Secretaria de Comunicação da UnB





O pronto-socorro da pediatria do Hospital Universitário está fechado desde a tarde desta sexta-feira, 3 de setembro. A causa é a falta de médicos plantonistas para cobrir os turnos. Segundo Elza Noronha, vice-diretora do HUB, como os médicos são contratados como prestadores de serviços – sem carteira assinada – eles não se comprometem com a carga horária estabelecida pelo hospital.

É o caso dos profissionais que fariam o plantão de sexta e sábado. Eles deixaram a escala de plantão em aberto, e a diretoria decidiu fechar o atendimento ao público até que a escala esteja regularizada. Quando a unidade fechou, três crianças estavam internadas lá, mas já foram transferidas para a enfermaria.

"O problema é que não há no mercado uma reserva de profissionais disponíveis para trabalhar", diz Elza. Os plantonistas não têm uma carga horária fixa, eles recebem R$ 500 por 12 horas de trabalho. Com isso, a carga horária de cada médico varia mês a mês.

Segundo Elza, a falta de pessoal é o problema central do HUB. Lá trabalham 784 profissionais concursados, e 572 prestadores de serviço. Por causa da precariedade dos contratos de trabalho, esses últimos acabam tendo uma rotatividade muito grande. A solução seria contratar mais médicos via concurso, mas não há contratações autorizadas pelo Ministério do Planejamento.

O pronto-socorro da pediatria realiza cerca de 1.200 atendimentos por mês. Com o fechamento da unidade, os casos que chegarem ao hospital serão encaminhados a outros hospitais da rede pública. O HUB mantém uma ambulância 24 horas por dia para fazer o transporte nesses casos.

Na segunda-feira à noite, será feita uma reunião com todos os plantonistas para tentar resolver o problema.

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