O movimento "Salve-se Quem Puder" foi criado pelos estudantes da área de saúde da UnB em virtude das condições atuais em que se encontra o Hospital Universitário de Brasília. O movimento é organizado pelos Centros Acadêmicos de Medicina, Enfermagem, Farmácia, Nutrição e Odontologia, e visa a conseguir as melhorias necessárias para que o HUB possa prover atendimento de qualidade à população do DF. Se você é estudante da UnB, da saúde ou não, ou um usuário do HUB, ajude-nos a te ajudar. Participe!

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Carta Entregue ao Governador Agnelo Queiroz

Na manifestação que fizemos hoje, tivemos contato direto com o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz e, nessa oportunidade, entregamos a ele uma carta redigida pelo Movimento SOS HUB na qual explicamos toda a situação do hospital, quais são os problemas, o que estamos reivindicando, etc.. Segue abaixo a carta, na íntegra:



Brasília-DF, 19 de janeiro de 2011.



Excelentíssimo Governador do Distrito Federal,


antes de mais nada, gostaríamos de lhe parabenizar pela conquista. Sabemos o quanto foi batalhada e merecida a sua vitória nas últimas eleições. É preciso coragem para ir de encontro a um sistema no qual a corrupção se infiltrou tão profundamente, como o governo do Distrito Federal. Vossa Excelência representa, para nós, a esperança de dias melhores.

Ainda que o HUB seja, financeiramente, de responsabilidade do Governo Federal, pedimos que apóie a luta do movimento SOS HUB, formado por estudantes das Faculdades de Saúde e Medicina da UnB, por um Hospital Universitário de qualidade. Por ser médico, sabe o quão árduo é o nosso caminho ao longo da universidade e da residência. Assim, o mínimo que devemos pedir é que o nosso ambiente de trabalho nos dê a condição de sermos grandes.


Atualmente, o Hospital Universitário de Brasília passa por uma série de problemas, dentre eles, os mais críticos são: a inexistência de um pronto-socorro e a falta de profissionais.

Para que o HUB funcione em condições ideais é necessária a contratação de aproximadamente 600 profissionais das várias áreas de saúde, dentre esses, 81 médicos. As especialidades mais defasadas são a ginecologia e obstetrícia, pediatria, neonatologia e anestesiologia. Para conseguir fechar uma escala de plantões nessas áreas é necessário firmar contratos precários e pouco atraentes para os médicos, e por vezes as vagas temporárias não são preenchidas. O bloco cirúrgico é subutilizado, e realiza apenas metade das cirurgias que poderia, devido à falta de anestesistas.


A contratação por concurso público é demorada e incerta, pois é feita sob autorização do MPOG, o qual não vem colaborando nos últimos anos, fato que gerou até mesmo um processo no Ministério Público para forçar a liberação das contratações. Logo, é de importância ímpar que o GDF faça a concessão temporária de funcionários da Fundação de Saúde do DF para o Hospital Universitário, com o objetivo de preencher esses cargos até que médicos concursados os ocupem, e com isso garantir o pleno funcionamento dos serviços oferecidos à população do Distrito Federal.

dois anos e nove meses o pronto-socorro do Hospital Universitário de Brasília foi fechado em razão de problemas em sua estrutura física.

Em um período de duas semanas após esse fato, os estudantes da Faculdade de Saúde e Medicina realizaram uma assembléia geral, na qual se fizeram presentes cerca de 25% do corpo discente. A conduta dos estudantes foi realizar reuniões de representantes com a diretoria do hospital, na qual houve a promessa de que o pronto-socorro voltaria a funcionar em, no máximo, um ano. Ocorre que, em dois anos e nove meses foram feitas várias outras reuniões, traçadas metas e prazos, os quais não foram cumpridos.

No dia 26 de agosto de 2010, os estudantes da Faculdade de Saúde e Medicina realizaram um protesto em frente aos tapumes do antigo pronto-socorro, que prosseguiu até a reitoria para a entrega de um documento ao reitor, o qual esclarecia a situação de descaso em relação ao andamento das obras, as quais não haviam sido iniciadas, e exigia maior participação por parte da reitoria. Firmou-se o compromisso de que as obras começariam em novembro de 2010, porém quase três meses após a data limite, não foi feita nem mesmo uma licitação.

Hoje, o pronto-socorro tornou-se uma preocupação de todos os estudantes da UnB, assim como da comunidade do Distrito Federal, pois sobrecarrega os hospitais da Fundação Hospitalar do GDF, e fere o tripé básico no qual se apóia a universidade: ensino, pesquisa e extensão.

O HUB é o maior prestador de serviços da UnB à comunidade do Distrito Federal, logo é o maior projeto de extensão da universidade, na medida em que oferece atendimento de saúde aos usuários do SUS.

Três mil pacientes deixaram de ser assistidos a cada mês, o que totaliza 99 mil ao longo desses dois anos e nove meses, ocasionando o remanejamento dos interessados para outros serviços de saúde da região, sobrecarregando os pronto-socorros dos demais hospitais da rede pública.

Não é incomum chegarem pacientes em estado grave ao HUB, em severo risco de morte, porém os médicos e os estudantes nada podem fazer, pois o local de pronto atendimento não está funcionando. A conduta, nesse caso, é orientar o doente a procurar o HRAN ou o Hospital de Base, o que sobrecarrega esses serviços e nos leva ao inexorável questionamento se o tempo no translado para um outro hospital será decisivo na sobrevivência desse paciente.

O ensino para todos os cursos de saúde, em especial os de Nutrição, Enfermagem, Farmácia, Odontologia e o de Medicina, foi prejudicado desde o fechamento do pronto-socorro, o qual é fundamental no aprendizado prático. Trata-se do principal meio para ingresso no sistema de atendimento do hospital, local onde o aluno é instruído quanto ao procedimento em urgências, e é onde o estudante aprende a lidar com as doenças mais incidentes em sua região.

Atualmente, a UnB forma profissionais com vasta experiência em doenças crônicas, como o câncer e lúpus, porém incapazes de tratar com destreza casos simples como diarréia, gripe, desidratação e apendicite, ou ainda paradas cardíacas, cuja incidência revela-se bastante reduzida em um hospital sem pronto-socorro.

A Universidade de Brasília forma boa parte dos profissionais de saúde que atendem na rede pública do DF, logo é de inexorável interesse para o GDF que a formação desses profissionais seja de excelência.

Uma solução paliativa para o problema foi enviar os alunos em período de internato do curso de Medicina para outros hospitais como o HRPa (Hospital Regional do Paranoá), cuja preceptoria tem se mostrado precária ou inexistente, o que compromete também a qualidade do ensino. Além disso, o acesso dos estudantes e professores da UnB a outros hospitais da Fundação de Saúde é restrito, pois são de uso exclusivo da Escola Superior de Ciências da Saúde, fato que diminui a inserção dos alunos em cenários variados da prática em saúde.

As pesquisas na área clínica, cirúrgica e epidemiológica também restaram prejudicadas, pois há pouca rotatividade de pacientes e pequena variedade de casos, os quais fornecem o substrato de análise para os estudos científicos da área. Nessas condições é impossível para o pesquisador trabalhar problemas brasileiros com padrões internacionais, como idealizaram os criadores dessa instituição.

Sem um pronto-socorro fica difícil dizer que a UnB é uma universidade completa, como nasceu para ser. O pronto-socorro fechado envergonha o nobre legado deixado pelos fundadores da Universidade de Brasília como Darcy Ribeiro, Lúcio Costa, Athos Bulcão e Anísio Teixeira, e faz parecer inútil o trabalho e o idealismo depositados para erguer os pilares dessa universidade.

Finalizamos com as palavras da estudante Marcela Peres dirigida a V. Exa. quando almoçou no Restaurante Universitário conosco: “Agnelo pediu o apoio do jovens e nós também gostaríamos de pedir o apoio de Agnelo. O projeto SOS HUB – salve-se quem puder é um projeto criado pelos alunos das Faculdades de Medicina e Ciências da Saúde para recuperar o Hospital Universitário.”.

Gostaríamos de lhe agradecer pelo tempo – tão escasso – para ler essa carta, pela paciência em nos ouvir no almoço do dia 29/10/2010, antevéspera das eleições, e principalmente por dar à saúde do DF a atenção que merece.


Respeitosamente,



Movimento estudantil SOS HUB: salve-se quem puder.












Contatos do movimento SOS HUB: hubrasilia@gmail.com.br

Manuela Chianca 9552 1912

Frederico Ribeiro 9909 6189

Pedro Morais 9658 0120





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